terça-feira, 13 de maio de 2008

Análise de Conto






CONTO: O LAMENTO DAS ÁRVORES




Vicente Ferreira Feitosa





Como brinde à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Comunitário, plantei na calçada daquela instituição pública 14 árvores e delas cuido com muito carinho, regando-as no período da estiagem. Ali, umas embelezarão a alameda com suas flores multicoloridas, outras produzirão frutos nutritivos para saciar a fome dos pássaros e das pessoas e, juntas, em perfeita harmonia, enriquecerão o meio ambiente.



Vendo algumas árvores desabrocharem num rico aprendizado de maternidade, em sua primeira floração, sinto-me gratificado e, sobremodo, contente em poder colaborar com o Criador na melhoria do clima da Capital. Saudá-las todas as manhãs em minhas caminhadas tornou-se um ato de rotina deveras prazeroso.



Entretanto, certo dia deparei-me com um fato de pura crueldade. Alguém, ecologicamente desajustado, cortou uma de minhas queridas árvores pelo tronco e quase que degolou a haste principal de outra, deixando-a prendida para o chão, em terrível agonia. A esta, salvei-a, reaproximando as partes separadas pelo corte, numa delicada operação.



Passada a perplexidade do momento, fico a imaginar como seria tão diferente se existissem escolas ecológicas onde as crianças pudessem treinar a coordenação motora no uso de um regador e a socialização no contato direto com as plantas...! Falo, principalmente, daquelas carentes de uma boa orientação. Trabalhar, nesse sentido, tem sido minha obstinação. Todavia, esta idéia, embora clara em minha mente, ainda não contaminou beneficamente as pessoas que têm o poder de decisão. Porém, enquanto vida eu tiver, vou lutar dioturnamente pela sua concretização, baseado no dito popular: "Água mole (...!) em pedra dura, (...!) tanto bate (...!) até que fura".



(O lamento das árvores e algo mais. Palmas: Publicação independente, 2001, p. 49)




ANÁLISE DO CONTO



Ação: incompleta

Enredo: não-linear

Tempo: psicológico ("...certo dia...", "...deparei-me com um fato..."), cronológico ("...saudá-las todas as manhãs em minhas caminhadas tornou-se um ato de rotina deveras prazeroso.")

Espaço: físico (capital, calçadas da secretaria), psicológico ("...embelezarão a alameda com suas flores multicoloridas...")

Personagem: O ecologista - protagonista, plano.

Foco Narrativo: em 1ª pessoa, narrador-personagem (plantei, sinto-me, deparei-me, salvei-a)

Conflito: externo (quando alguem cortou uma das árvores pelo tronco e quase degolou a haste principal de outra árvore) foi resolvido ("...salvei-a, reaproximando as partes separadas pelo corte, numa delicada operação.)

Clímax: "...deixando-a prendida para o chão, em terrível agonia..."

Linguagem: simples

Temática (interpretação): O conto fala sobre um homem da capital, que incansavelmente colabora para o aumento e preservação dos recursos naturais. Este mesmo homem, que tem um sonho a ser realizado e que trabalha no sentido de buscar melhorias para o meio ambiente através da educação, o que só será possível com a conscientização dos governantes e criação de políticas públicas.