quarta-feira, 18 de junho de 2008

Literatura...


A literatura antecipa sempre a vida. Não a copia, amolda-a aos seus desígnios

RACISMO (Luis Fernando Verissímo)

Escuta aqui, ó criolo...
- O que foi?
- Você andou dizendo por aí que no Brasil existe racismo.
- E não existe?
- Isso é negrice sua. E eu que sempre te considerei um negro de alma branca... É, não adianta. Negro quando não faz na entrada...
- Mas aqui existe racismo.
- Existe nada. Vocês têm toda a liberdade, têm tudo o que gostam. Têm carnaval, têm futebol, têm melancia... E emprego é o que não falta. Lá em casa, por exemplo, estão precisando de empregada. Pra ser lixeiro, pra abrir buraco, ninguém se habilita. Agora, pra uma cachacinha e um baile estão sempre prontos. Raça de safados! E ainda se queixam!
- Eu insisto, aqui tem racismo.
- Então prova, Beiçola. Prova. Eu alguma vez te virei a cara? Naquela vez que te encontrei conversando com a minha irmã, não te pedi com toda a educação que não aparecesse mais na nossa rua? Hein, tição? Quem apanhou de toda a família foi a minha irmã. Vais dizer que nós temos preconceito contra branco?
- Não, mas...- Eu expliquei lá em casa que você não fez por mal, que não tinha confundido a menina com alguma empregadoza de cabelo ruim, não, que foi só um engano porque negro é burro mesmo. Fui teu amigão. Isso é racismo?
- Eu sei, mas...
- Onde é que está o racismo, então? Fala, Macaco.
- É que outro dia eu quis entrar de sócio num clube e não me deixaram.
- Bom, mas pera um pouquinho. Aí também já é demais. Vocês não têm clubes de vocês? Vão querer entrar nos nossos também? Pera um pouquinho.
- Mas isso é racismo.- Racismo coisa nenhuma! Racismo é quando a gente faz diferença entre as pessoas por causa da cor da pele, como nos Estados Unidos. É uma coisa completamente diferente. Nós estamos falando do crioléu começar a freqüentar clube de branco, assim sem mais nem menos. Nadar na mesma piscina e tudo.
- Sim, mas...- Não senhor. Eu, por acaso, quero entrar nos clubes de vocês? Deus me livre.
- Pois é, mas...- Não, tem paciência. Eu não faço diferença entre negro e branco, pra mim é tudo igual. Agora, eles lá e eu aqui. Quer dizer, há um limite.- Pois então. O ...- Você precisa aprender qual é o seu lugar, só isso.- Mas...- E digo mais. É por isso que não existe racismo no Brasil. Porque aqui o negro conhece o lugar dele.- É, mas...- E enquanto o negro conhecer o lugar dele, nunca vai haver racismo no Brasil. Está entendendo? Nunca. Aqui existe o diálogo.
- Sim, mas...
- E agora chega, você está ficando impertinente. Bate um samba aí que é isso que tu faz bem.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Escrever...


"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível,é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada."

Clarice Lispector

UMA ESPERANÇA (Clarice Lispector)

Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica, que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto.
Houve um grito abafado de um de meus filhos:
- Uma esperança! e na parede, bem em cima de sua cadeira! Emoção dele também que unia em uma só as duas esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede. Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde não poderia ser.
- Ela quase não tem corpo, queixei-me.
- Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos são uma surpresa para nós, descobri com surpresa que ele falava das duas esperanças.
Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou renitente uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender.
- Ela é burrinha, comentou o menino.
- Sei disso, respondi um pouco trágica.
- Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita.
- Sei, é assim mesmo.
- Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada pelas antenas.
- Sei, continuei mais infeliz ainda.
Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando-a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo do lar para que não se apagasse.
- Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim.
Andava mesmo devagar - estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem sido sempre assim comigo.
Foi então que farejando o mundo que é comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas me parecia "a" aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-se maciamente no ar. Ela queria a esperança. Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la. Meu filho foi buscar a vassoura. Eu disse fracamente, confusa, sem saber se chegara infelizmente a hora certa de perder a esperança:
- É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte...
- Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o menino com ferocidade.
- Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos quadros - falei sentindo a frase deslocada e ouvindo o certo cansaço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como eu seria sucinta e misteriosa com a empregada: eu lhe diria apenas: você faz o favor de facilitar o caminho da esperança.
O menino, morta a aranha, fez um trocadilho, com o inseto e a nossa esperança. Meu outro filho, que estava vendo televisão, ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida: a esperança pousara em casa, alma e corpo.
Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la.
Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: "e essa agora? que devo fazer?" Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada.

in "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998


Este conto é da grande homenageada da nossa IV SEMANA ACADÊMICA DE LETRAS que aconteceu do dia 19 ao dia 21 de Maio e foi um grande sucesso!

Clarice Lispector muito obrigada!!!

quarta-feira, 14 de maio de 2008

http://blog.uncovering.org/archives/artes_e_letras/

Arte


"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

terça-feira, 13 de maio de 2008

Análise de Conto






CONTO: O LAMENTO DAS ÁRVORES




Vicente Ferreira Feitosa





Como brinde à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Comunitário, plantei na calçada daquela instituição pública 14 árvores e delas cuido com muito carinho, regando-as no período da estiagem. Ali, umas embelezarão a alameda com suas flores multicoloridas, outras produzirão frutos nutritivos para saciar a fome dos pássaros e das pessoas e, juntas, em perfeita harmonia, enriquecerão o meio ambiente.



Vendo algumas árvores desabrocharem num rico aprendizado de maternidade, em sua primeira floração, sinto-me gratificado e, sobremodo, contente em poder colaborar com o Criador na melhoria do clima da Capital. Saudá-las todas as manhãs em minhas caminhadas tornou-se um ato de rotina deveras prazeroso.



Entretanto, certo dia deparei-me com um fato de pura crueldade. Alguém, ecologicamente desajustado, cortou uma de minhas queridas árvores pelo tronco e quase que degolou a haste principal de outra, deixando-a prendida para o chão, em terrível agonia. A esta, salvei-a, reaproximando as partes separadas pelo corte, numa delicada operação.



Passada a perplexidade do momento, fico a imaginar como seria tão diferente se existissem escolas ecológicas onde as crianças pudessem treinar a coordenação motora no uso de um regador e a socialização no contato direto com as plantas...! Falo, principalmente, daquelas carentes de uma boa orientação. Trabalhar, nesse sentido, tem sido minha obstinação. Todavia, esta idéia, embora clara em minha mente, ainda não contaminou beneficamente as pessoas que têm o poder de decisão. Porém, enquanto vida eu tiver, vou lutar dioturnamente pela sua concretização, baseado no dito popular: "Água mole (...!) em pedra dura, (...!) tanto bate (...!) até que fura".



(O lamento das árvores e algo mais. Palmas: Publicação independente, 2001, p. 49)




ANÁLISE DO CONTO



Ação: incompleta

Enredo: não-linear

Tempo: psicológico ("...certo dia...", "...deparei-me com um fato..."), cronológico ("...saudá-las todas as manhãs em minhas caminhadas tornou-se um ato de rotina deveras prazeroso.")

Espaço: físico (capital, calçadas da secretaria), psicológico ("...embelezarão a alameda com suas flores multicoloridas...")

Personagem: O ecologista - protagonista, plano.

Foco Narrativo: em 1ª pessoa, narrador-personagem (plantei, sinto-me, deparei-me, salvei-a)

Conflito: externo (quando alguem cortou uma das árvores pelo tronco e quase degolou a haste principal de outra árvore) foi resolvido ("...salvei-a, reaproximando as partes separadas pelo corte, numa delicada operação.)

Clímax: "...deixando-a prendida para o chão, em terrível agonia..."

Linguagem: simples

Temática (interpretação): O conto fala sobre um homem da capital, que incansavelmente colabora para o aumento e preservação dos recursos naturais. Este mesmo homem, que tem um sonho a ser realizado e que trabalha no sentido de buscar melhorias para o meio ambiente através da educação, o que só será possível com a conscientização dos governantes e criação de políticas públicas.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Ambiente



O ambiente é o espaço por onde circulam personagens e se desenrola o enredo. Em alguns casos, é de importância tão fundamental que se transforma em personagem, como no caso do colégio interno em O Ateneu, de Raul Pompéia, e da habitação colectiva em O cortiço, de Aluísio Azevedo.




Definições:

Fatores materiais:


naturais - estiagens, selvas, inundações, etc.


artificiais - cidades, local de trabalho, habitações, etc.



Fatores mentais:









Preconceito, ideologias, religião, etc.


Dependo da forma que o autor utiliza a força ambiental, sua classificação pode ser pictórica (quando se predomina os elementos materiais) e atmosférica (quando se predomina os elementos mentais).



Ponto-de -vista e suas variáveis classificações:

Ponto-de-vista: é o elemento da narração que compreende a perspectiva através da qual se conta uma história. É, basicamente, a posição a qual o narrador, enquanto instância narrante ou voz que articula a narração, conta a história. Os pontos de vista mais conhecidos são dois: Narrador-Observador e Narrador-Personagem.






O Narrador-Observador é aquele que conta a história através de uma perspectiva de fora da história, isto é, ele não se confunde com nenhum dos personagens. Este foco narrativo se dá, predominantemente, em terceira pessoa e pode ser dividido em:



-Narrador-Observador Onisciente: É o narrador que tudo sabe sobre o enredo, os personagens e seus pensamentos. A onisciência do narrador pode ou não se limitar a apenas um dos personagens da história .


Exemplos: Fielding, em Tom Jones; Tolstoi, em Guerra e Paz, Perto do coração selvagem, de Clarice Lispector.


-Narrador-Observador Câmera: Este narrador não tem a ciência do que se passa nas mentes dos personagens da história, mas conhece tudo sobre o enredo e sobre qualquer outra informação que não sejam intimas da psique dos personagens.

Exemplo: Goodbye to Berlin, romance-reportagem de Isherwood.


O Narrador-Personagem é aquele que conta a história através de uma perspectiva de dentro da história, isto é, ele, de alguma forma participa do enredo, sendo um dos personagens da história, usando a Primeira Pessoa para se contar historia. Pode-se classificar o Narrador-Personagem em:
-Narrador-Personagem Protagonista: Este narrador é a personagem principal da história, narrando-a de um ponto de vista fixo: o seu. Não sabe o que pensam os outros personagens e apenas narra os acontecimentos como os percebe ou lembra.


Exemplos: Grande Sertão: Vereda, Guimarães Rosa; Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.



-Narrador-Personagem Testemunha: É o narrador que vive os acontecimentos por ele descritos como personagem secundária. É um ponto de vista mais limitado, uma vez que ele narra a periferia dos acontecimentos, sendo incapaz de conhecer o que se passa na mente dos outros personagens.


Exemplo: Memorial de Aires, de Machado de Assis; As Aventuras de Sherlock Holmes, de Sir Arthur Conan Doyle.




Alguns Conceitos...



Mímese( distinção de poiesis, na poética)


A mímesis não é mais representação da natureza e não pressupõe uma realidade anterior à linguagem. O real se coloca como construção e se constrói a partir do ato de representação.È a recriação do real.(=mímesie,verossimilhança).


Tanto Platão quanto Aristóteles viam, na mimesis, a representação da natureza. Contudo, para Platão toda a criação era uma imitação, até mesmo a criação divina era uma imitação da natureza verdadeira (o mundo das idéias). Sendo assim, a representação artística do mundo criado por Deus (o mundo físico) seria uma imitação de segunda mão. Ou seja, para Platão mimesis é imitação.
Já Aristóteles via o
drama como sendo a “imitação de uma ação”, que na tragédia teria o efeito catártico. Como rejeita o mundo das idéias, ele valoriza a arte como representação do mundo. Esses conceitos estão no seu mais conhecido trabalho, a Poética. Ou seja, para Aristóteles mimesis é representação.
Mais recentemente
Erich Auerbach, Merlin Donald e René Girard escreveram sobre a mimesis



CATARSE


Liberação de sentimentos através da emoção causada pela arte.
Catarse é a purificação das almas por meio da descarga emocional provocada por um drama. Este é um conceito teorizado por Aristóteles.
Segundo o filósofo, para suscitar a catarse era preciso que o herói passasse da dita para a desdita, ou seja, da graça para a desgraça. E mais ainda: não pode ser por acaso, e sim por uma desmedida, ou seja, por uma ação ou escolha mal feita do herói.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Conceituação dos Gêneros Literários

Segundo a teoria aristotélica, havia três gêneros de manifestação literária: O Lírico, o Épico e o Dramático, correspondendo cada um deles à expressão de determinada experiência humana.

LÍRICO: tinha como objeto o mundo interior do poeta; expressava sua consciência em face das emoções, sentimentos, estados de espírito, gerados pelo Amor, pelas Paixões ou pelo Mistério da Vida. Adotava as formas de ditirambo (poema lírico breve, cantado no culto a Dionísio); elegia (canto triste, de autocontemplação ou lamento); hino (canto às divindades); canção (canto de bodas ou de enamoramento).


"Jardim dos pessegueiros"


O termo lírico originalmente liga-se a uma espécie de composição poética que os gregos cantavam ao som da lira. Grande parte do que hoje se denomina composição lírica era musicada; conforme ainda atesta a poesia trovadoresca medieval. Um dos fenômenos estilísticos mais típicos da composição lírica é a musicalidade da linguagem.

"Canção do vento e da minha vida" de Manuel Bandeira:

O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
O ritmo martelado dos primeiros versos de Bandeira reforça a impetuosidade da destruição.

"Cantiga outonal" de Cecília Meireles:

Outono. As árvores pensando...
Tristezas mórbidas no mar....
O vento passa, brando... brando...
E sinto medo, susto, quando
Escuto o vento assim passar...

A lentidão rítmica se adapta ao estado de alma diluído molemente numa tristeza cansada.


ÉPICO: Tinha como objeto o mundo exterior ao poeta; o mundo dos fatos acontecimentos, realizações heróicas, altos ideais sem se misturar a eles. Heróis de elevado caráter, cuja grandeza vence todos os obstáculos. Assumia a forma de epopéia, constituída por uma ação inteira, com princípio, meio e fim. O mais completo exemplo de epopeia é o deixado por Homero.

Cena do filme Íliada

" A ILIADA narra os impasses de Agamenon e Aquiles à frente da armada grega, nos últimos momentos da Guerra de Tróia, ou Ílion, cidade portuária situada na costa oriental do mar Egeu. A causa da guerra ocorrera dez anos antes, quando o príncipe troiano, Páris, raptara a grega Helena, mulher de Menelau, rei de Esparta. Ultrajados com a ofensa, os principes gregos reuniram suas frotas e atacaram Tróia, cercando-a durante uma década, até conseguirem, com a morte do valoroso chefe troiano Heitor, sua destruição."


Cena filme a odisséia Ulisses

"A ODISSÉIA conta as aventuras de Ulisses no regresso a Ítaca, seu reino natal, depois da longa Guerra de Tróia, que os gregos venceram. Com Tróia destruída, Ulisses pode enfim voltar à pátria, onde o esperam a mulher, Penélope, e o filho, Telémaco. Entretanto, uma tempestade o desvia de rumo, levando sua frota ao País dos Comedores de Lótus. Os habitantes desse país acolhem o herói grego e sua tripulação de modo hospitaleiro, oferecendo-lhes o seu próprio alimento, o lótus, que faz os homens esquecerem a terra nativa e desejar permanecer onde estão. A muito custo Ulisses consegue tirar seus marinheiros dessa estranha paragem, tendo até de amarrá-los nos navios."

A essência gênero épico é a narrativa. Sua espinha dorsal corresponde ao velho instinto humano de contar e ouvir histórias, uma das mais rudimentares e populares formas de entretenimento. Mas nem todas as histórias são artes. Para que tenha o valor artístico, a ficção exige uma técnica de arranjo e apresentação, que comunicará à narrativa beleza de forma, estrutura e unidade de efeito. A ficção distingue-se da história e da biografia, por estas serem narrativas de fatos reais. A ficção é produto da imaginação criadora, embora, como toda a arte, suas raízes mergulhem na experiência humana. Mas o que a distingue das outras formas de narrativa é que ela é uma transfiguração ou transmutação da realidade. Ela coloca a massa da experiência humana dentro de um molde, seleciona, omite, arruma os dados da experiência de modo a fazer surgir um plano, que se apresenta como uma entidade, com vida própria, com um sentido intrínseco, diferente da realidade. A ficção não pretende fornecer um simples retrato da realidade, mas antes criar uma imagem da realidade, uma reinterpretarão, uma revisão e a fusão de objetos: mundo exterior social e mundo interior individual resultam a hibridez formal do romance (e de suas formas correlatas: como a novela).




cena novela guerra dos sexos


“É o espetáculo da vida por meio do olhar interpretativo do artista, a interpretação artística da realidade.”

DRAMÁTICO: dependendo da natureza dos conflitos representados, assumia a forma de tragédia ou de comédia.
Aristóteles definia dramaturgia como a organização de ações humanas de forma coerente provocando fortes emoções ou um estado irreprimível de gozo ou maravilhamento.



A Tragédia era sua forma suprema e apresentava homens e paixões superiores em luta com a Fatalidade.


o fantasma da ópera teatro tragédia

A Comédia, forma dramática inferior, apresentava homens e paixões vulgares que, em lugar de compaixão, despertavam o riso o desprezo...


futebol dos filósofos teatro comédia

Caracteriza-se por ser um espetáculo cênico, montado sobre um texto em prosa ou em linguagem poética e estruturado em diálogos e cenas, e este só se realiza integralmente quando transformado em representação onde se fundem os elementos mais heterogêneos: texto, espaço cênico, encenação, interpretação, direção, cenografia, figurinos, maquiagem, iluminação, sonorização, etc..
O jogo dramático que o teatro proporciona está sendo utilizado, atualmente, como instrumento de educação, com crianças e jovens, no sentido de estimular suas potencialidades criativas.

Novela
É a modalidade narrativa que se caracteriza pela sucessividade dos episódios, muitas vezes das personagens e dos cenários. O tempo e o espaço conjugam-se dentro dessa estrutura, assim, a novela condensa os elementos do romance. Os diálogos são mais rápidos, as narrações mais diretas e sem rodeios, tudo favorecendo a precipitação da história para o seu desfecho.A televisão atual explora essa espécie de narrativa com muito sucesso.

Como exemplo de novelas, podemos citar:

- Noite, de Érico Veríssimo

http://recantodasletras.uol.com.br/resenhas/26477


- Uma vida em segredo, de Autran Dourado

http://www.jayrus.art.br/Apostilas/LiteraturaBrasileira/Contemporanea/Autran_Dourado_Uma_Vida_em_Segredo_resumo.htm


Conto


É a modalidade narrativa de maior brevidade. Com economia de cenários e personagens. A solução do conflito é narrada perto do seu desenlace. Tem como características a tensão, ritmo, o imprevisto dos parâmetros previstos, unidade, compactação, concisão, conflito, com início, meio e fim, o passado e o futuro têm significado menor. O flashback pode acontecer, mas só se absolutamente necessário, mesmo assim da forma mais curta possível.


Eis alguns exemplos de contos:

O alienista, de Machado de Assis

acessar : http://pt.wikipedia.org/wiki/O_alienista

O peru de natal, de Mário de Andrade

acessar : http://www.releituras.com/marioandrade_natal.asp



Crônicas
É uma espécie de narrativa curta e condensada que capta um flagrante da vida pitoresco ou atual, real ou imaginário, com uma ampla variedade temática. Sua narrativa é informal, familiar e intimista.Tem como característica também o uso do humor.

Exemplos:

- Coisas que todo mundo faz






http://www.geocities.com/cleomarsantos/coisasquetodomundofaz.htm


Epopéia


É uma criação literária geralmente sem verso e de fundo narrativo ( do grego epos= canto, narrativa). Desde os tempos antigos a epopéia tem a finalidade de exaltar os heróis nacionais e cantar os grandes feitos dos povos, tem valor bastante fictício mas suas histórias passam de geração para geração. Como por exemplo:

- A guerra de Tróia


acesse : http://www.universia.com.br/html/materia/materia_eacj.html

O texto literário







O que é ficção?





A ficção é produto da imaginação criadora, embora, como toda arte, suas raízes mergulhem na experiência humana. Mas o que a distingue das outras formas de narrativa é que ela é uma transfiguração ou transmutação da realidade. A ficção não pretende fornecer um simples retrato do fato, mas antes criar uma imagem da realidade, uma re-interpretação, uma revisão. É o espetáculo da vida por meio do lhar interpretativo do artista, a interpretação artística da realidade.



Espécies narrativas


A narração é um dos gêneros literários mais fecundos, portanto, há atualmente diversos tipos de textos narrativos que comumente são produzidos e lidos por pessoas de todo o mundo.Entre os tipos de textos mais conhecidos, estão o Romance, a Novela, o Conto, a Crônica, a Fábula, a Parábola, o Apólogo, a Lenda, entre outros. O principal objetivo do texto narrativo é contar algum fato. E o segundo principal objetivo é que esse fato sirva como informação, aprendizado ou entretenimento. Se o texto narrativo não consegue atingir seus objetivos perde todo o seu valor. A narração, portanto, visa sempre um receptor. Vejamos os conceitos de cada um desses tipos de narração e as diferenças básicas entre eles.




1. Romance


É a modalidade narrativa de maior vulto, onde a visão do mundo do autor se manifesta pelo forte conflito das personagens.Possui váios núcleis narrativos. O romance aborda os mais variados assuntos, assim podem ser históricos, psicológicos científicos, policiais, etc.


São características do romance: pluralidade e simultaneidade de fatos e ações, total liberdade de tempo e espaço, maior número de personagens, várias células ou unidades dramáticas, etc.

Exemplos.:
Iracema, de José de Alencar.



Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Vídeo Literário


"Literatura que continue empregando linguística e modos formais de expressão novos para traçar um panorama da sociedade como um todo enquanto ao mesmo tempo a expõe, rasgando as máscaras de sua face, para mim seria merecedora de um prêmio."( Elfriede Jelinek )

Definindo Arte...


A arte é uma criação humana com valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia, revolta) que sintetizam as suas emoções, sua história, seus sentimentos e a sua cultura. É um conjunto de procedimentos utilizados para realizar obras, e no qual aplicamos nossos conhecimentos. Apresenta-se sob variadas formas como: a plástica, a música, a escultura, o cinema, o teatro, a dança, a arquitetura etc. Pode ser vista ou percebida pelo homem de três maneiras: visualizadas, ouvidas ou mistas (audiovisuais). Atualmente alguns tipos de arte permitem que o apreciador participe da obra. O artista precisa da arte e da técnica para se comunicar.

Um vídeo sobre a história da Arte


A função revolucionária da literatura não consiste em emitir mensagens revolucionárias, mas em levantar uma dúvida radical sobre o determinismo da história."( Leyla Perrone-Moisés )

A Literatura na Era Contemporânea

A crise de valores sociais, econômicos, políticos e ideológicos sofridos pelo mundo, também a arte se tornara um problema a ser resolvido. Daí as mil e uma definições e interpretações de Literatura que se cruzará em nossa Época.

A Literatura no Entre-Séculos


È no entre - séculos, que a Literatura vai sofrer a grande transformação provocada pelo Esteticismo. Na transcrição da Era Romântica para a Contemporânea, surge um movimento de libertação que procura desligar a Arte de todos os seus compromissos comas manifestações da vida humana, ao nível da realidade cotidiana. Essa libertação tem início na área da Poesia, que passa a ser vista como uma entidade-em-si, um valor absoluto, uma quase religião.

A Literatura na Era Romântica



A Razão onipotente e disciplinadora dos clássicos cede lugar á emotividade/espontaneidade individualista e à originalidade criadora do artista. Literatura deixa de ser vista como a imitação do real e passa a ser expressão do mistério e do enigma da existência, apreendidos por uma personalidade de exceção.

A literatura na Era Clássica

Nos séculos do formalismo clássico (XVI-XVIII), sob o prisma do da Razão e na esteira da conceituação aristotélica da Arte (“Arte é imitação da realidade”),surgem diferentes teoria que têm, como fatores comuns, o culto da Razão e da Sensibilidade;e a identificação da Natureza.

Literatura na Era Medieval e Renascimento


Na Idade Média (séc. XII-XIV) o termo "literatura" aplicava-se também ao que hoje entedemos por"gramática"(ciência normativa da linguagem). E logo depois, no Renascimento, vai designar o conjutos de obras literárias,produzidas em qualquer tempo e lugar.Essa definição vê a obra literária um fenômeno estático, imútavel no tempo, interpretação que vigorou muito tempo, e em nossa época foi totalmente superada.

Literatura na Antiguidade Clássica



Na Antiguidade Clássica ou greco-latina (quatro milênios a.C), não havia um termo genérico que designasse manifestações literárias: poesia lírica, épica e dramática. Cada uma delas era rotulada com uma designação própria. A palavra “literatura significava "ciência relativa às letras ou arte de escrever".

"Uma literatura que não respire o ar da sociedade que lhe é contemporânea, que não ouse comunicar à sociedade os seus próprios sofrimentos e as suas próprias aspirações, que não seja capaz de perceber a tempo os perigos morais e sociais que lhe dizem respeito, não merece o nome de literatura: quando muito pode aspirar a ser cosmética."( Alexander Soljenitsyne )


Literatura : Natureza


Literatura é Arte, é um ato criador que, por meio de palavra, cria um universo autônomo, realista ou fantástico, onde os seres, coisas, fatos, tempo e espaço, mesmo que se assemelham aos que podemos reconhecer no mundo concreto que nos cerca, ali transformados em linguagem, assumem uma dimensão diferente: pertencem ao universo da ficção.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Arte e Literatura


Arte (Latim ars, significando técnica e/ou habilidade) geralmente é entendida como a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de percepção, emoções e idéias, com o objetivo de estimular essas instâncias de consciência em um ou mais espectadores.

Essa é uma das inúmeras definições que encontramos sobre o que é Arte... Porém a arte é muito subjetiva para ser definida, ela não está ligada em particular a este ou aquele período histórico. È de fato tão antiga quanto á raça humana e é inerente ao homem, como são parte dele os olhos ou os ouvidos, a fome a sede... Dizia VAN LONN escritor e jornalista holandês (1882-1944).

A Arte é Universal...

A Arte é vida...e vida jamais pode ser conceituada definitivamente,cada época,cada pensamento,tem para ela uma resposta...Mais os homens sempre procuraram respostas para conceituar o que é Arte.Ao passar dos tempos,várias tem sido as definições sobre o que é arte.

Para nossa época, por exemplo, Arte è linguagem, ou seja toda expressão artística como um fenômeno expressivo,como uma linguagem específica: uma forma peculiar que busca expressar uma vivência ou uma experiência humana,em termos de harmonia ou de impacto;de cor ou de movimento; de visualidade ou de sons,dependendo de matéria que ela utiliza como expressão.